o dia do cinematógrafo // programação // 2016

Dia 28 de Dezembro diz-lhe alguma coisa?

A 28 de dezembro de 1895 – exactamente há 121 anos -, a invenção dos irmãos Lumière, o Cinematógrafo, via “a luz da noite”, numa primeira sessão em que 33 pessoas pagaram bilhete atraídos por um cartaz que anunciava a nova invenção e 10 “ temas atuais”. Foram assim os primeiros espetadores de cinema – deslocação à sala escura, pagando um bilhete para descobrir o “ milagre” das imagens em movimento.
É esse “milagre” da invenção do cinema que o Cineclube de Faro comemora pelo segundo ano consecutivo, homenageando a História do cinema num dia repleto de sessões.

 Escolher 4 filmes para 4 sessões ao longo do dia não é tarefa fácil, tal a profusão de obras que nos ocorrem, ao longo de 121 anos de História.
A nossa seleção pretendeu diversificar a proveniência dos filmes e incidir na autoria. É missão de um Cineclube divulgar cinema e formar públicos e a história do CCF teve sempre essas balizas. Daí os 4 filmes que escolhemos:
De manhã, para público de todas as idades, As sete ocasiões de Pamplinas de Buster Keaton, o cómico que nunca se ria e por isso, ao não modificar a sua expressão, permitia que o espectador pudesse projetar nele tudo o que ele estava a viver.
Depois do almoço, A noiva estava de luto do agitador da Nouvelle Vague François Truffaut, a revisitar o género do “ film noir” e a influenciar Tarantino no futuro Kill Bill.
Ao fim da tarde, o cinema Italiano e o mestre Michelangelo Antonioni com o primeiro filme em que se utilizou o vídeo - O Mistério de Oberwald, a retomar um argumento e o filme A águia de duas cabeças de Jean Cocteau.
À noite, o grande cinema soviético com um filme que não teve estreia comercial em Portugal - À beira do mar azul de Boris Barnet, apelidado de poeta cinema russo e mencionado como um dos grandes autores do século XX de que esta terna comédia é expoente máximo.
Finalmente, depois deste último filme, espaço para uma tertúlia onde debateremos o papel do Cineclubismo – ontem, como hoje e amanhã.

Numa análise mais pormenorizada constatamos algumas semelhanças nas escolhas destes 4 filmes: o tema do “eterno feminino”, o cinema como vanguarda, as novidades tecnológicas. E também diferenças: 4 nacionalidades, diversificação de géneros e tipos – da comédia, ao “ film noir” e também ao melodrama, do cinema não sonoro ao cinema sonoro, da fotografia a “ preto e branco” à cor, das adaptações literárias aos argumentos originais, para além de autores que trabalharam no sistema (Buster Keaton) ou foram eles próprios vanguarda (Truffaut, Antonioni) ou incompreendidos no seu tempo (Barnet). Do cinema mais visto, ao que circulou principalmente para os cinéfilos, até ao mais secreto e quase invisível (À beira do mar azul).

Apresentamos o cinema na sua multiplicidade e constatamos traços de continuidade.

Há 121 anos, os Irmãos Lumière inventavam o cinematógrafo, que consideraram “uma invenção sem futuro”.

O futuro revelou que o cinema foi inventado para ser eterno.

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