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O LUGAR DO MORTO

Categoria hospedeira: Programação
in Ciclo do mês

DIA 10 ABR | 21H30 | IPDJ

O LUGAR DO MORTO
António-Pedro Vasconcelos, Portugal, 1984, 118’, M/12

sinopse, ficha técnica e trailer: aqui

notas

A melhor homenagem possível ao realizador, que morreu há um ano, é verificar que o filme dura. - Jorge Leitão Ramos, Expresso

O filme vai ser exibido numa cópia que foi restaurada pelo meu pai no final da vida. Este foi o filme mais visto na época e havia uma vontade de uma geração de o voltar a ver", disse Patrícia Vasconcelos...
(...) António-Pedro Vasconcelos foi realizador, produtor, crítico e professor; um defensor do cinema popular, que quis filmar até ao fim. (...)
Um dos seus maiores sucessos de bilheteira, à época, foi precisamente O Lugar do Morto, estreado nos cinemas em 1984 e que somou mais de 271.000 espectadores, como refere o jornalista e crítico Jorge Leitão Ramos no portal Memoriale - Cinema Português.
(...) Numa homenagem prestada em 2024, a Cinemateca Portuguesa lembrou que este é "um título incontornável da filmografia portuguesa da década de oitenta, que marcou como um assinalável êxito comercial do cinema português, trabalhando os elementos do policial e do thriller". "É também um filme indissociável dos actores que compõem os protagonistas, Ana Zanatti, no papel de uma femme fatale, e Pedro Oliveira, um jornalista por ela seduzido que testemunha acidentalmente uma morte nos meandros da qual se enreda", refere a Cinemateca Portuguesa. - Lusa

“O Lugar do Morto” aparece numa fase que coincide com o suicídio do cinema europeu, que corta com o público, que corta com o prazer. E eu dou-me conta disso – e descubro-me dissidente. “O Lugar do Morto” é a minha maneira de dizer ‘não!’. O filme tem aliás uma coisa decisiva que é o campo/contracampo. O campo/contracampo era uma coisa proibida, era a marca do cinema clássico que passou a ser académico. O Godard andava a inventar maneiras esquisitas de mexer a câmara de maneira a não fazer campo/contracampo. Eu decidi romper com isso, voltar aos meus prazeres. E foi um enorme sucesso, foi o único dos meus filmes com que, verdadeiramente, ganhei dinheiro. E tive duas experiências marcantes, para além da ruptura com o Paulo Branco, que desviou metade do orçamento para fazer o filme do Tanner. A primeira foram reacções anónimas, de gente que encontrava na rua, e que me dava os parabéns, dizendo sempre ‘isto nem parece um filme português’. A segunda experiência foi em Paris. Peguei nas latas e fui com o filme para Paria, falo com um distribuidor, ele vê o filme e diz-me que era interessante, curioso, tinha gostado da história e dos actores. Mas exibir o filme é que não. Porque ‘on dirait pas un film portugais’. Ou seja, disse-me exactamente a mesma coisa – só que em França, era negativo. E acrescentou, com grande lucidez: este filme, com o Depardieu e a Deneuve, era um sucesso. Mas, com a Zanatti e o Pedro Oliveira, não interessa nada, não tem nada de distintivo.  - António-Pedro Vasconcelos, excerto de entrevista conduzida por Jorge Leitão Ramos

Só um espiríto retouço não concordará que algo mudou, profundamente, no cinema português dos últimos anos. Depois de, na década de 60, se ter reivindicado (e praticado) o direito à mudança, depois de, nos anos 70, se terem galgado caminhos contraditórios (hoje pode-se ver que o cinema que então se fez era um cadinho prenhe de potencialidades), a década que atravessamos começa a ter um travejamento.
Foram precisos vinte anos para que se forjassem técnicos e ânimos mas, qualquer que seja a política do dr. Salgado de Matos, há algo que está a rebentar na cara dos que olham as massas com desdém; nenhum dos filmes estreados, por exemplo, em 1984, visava ficar nas margens da diferença, nos boudoirs das minorias. Muito pelo contrário: o cinema português mostra-se ávido de público e, com isso, torna-se mais destro, mais inteiro, mais normal. Não é demais dizê-lo: Kilas, o mau da fita quebrou o enguiço, mostrou que era possível um cinema de autor que, ao mesmo tempo, encontrasse ressonância nos espectadores e, desse modo, enviou o cinema português para um território onde ele pode ser que tenha algo a perder mas tem, com certeza, muito a ganhar. Agora é só traduzir essa postura numa estrutura, isto é, acabar com mecanismos de entrave à constituição de uma indústria, lançar as bases para produção contínua, diminuir os júris e aumentar os mecanismos de financiamento automático, exigir prazos e contratos cumpridos, penetrar então nos mercados estrangeiros.
Não é teoria a tese de que a vontade do público constitui um ganho para o cinema português. Os mestres do cinema nunca fizeram outra coisa senão trabalhar para o público.
A prova, portuguesa e actual? O Lugar do Morto que é talvez o primeiro filme de António Pedro Vasconcelos onde os tiques privados são mandados às urtigas e onde é a eficácia narrativa que é colocado no posto de comando. O resultado: O Lugar do Morto é, de longe, a melhor fita do seu autor que só fados muito adversos (na determinação dos quais o papel do distribuidor é muito importante) impedirão que seja um sucesso. Mas mesmo que o não seja (e impotentes seremos se o consentirmos) a cartada é forte e ganha uma série de domínios.
Digamos que o que eu gosto neste filme é a sua solidez narrativa: uma boa história, actores em pleno, cenografia atenta, fluidez emocional, técnica (quase) impecável. Mas isso seria apenas constatar que os frutos estão maduros. Melhor é, depois, tomar-lhes o sabor.
A vida febril, os circuitos do desejo, os bloqueamentios afectivos, a corrida para fugir ao tédio que ao tédio vai dar, a confusão sentimental, os fios cruzados de certa gente lisboeta de vida curto-circuitada, a deriva, o travão e o seu sentido de que uma teia que só ao abismo conduz, a moral da vida que vivemos, isso é o nó central de O Lugar do Morto e isso lhe dá alma e sangue nas veias.
Porque este filme fala de mau-estar, de vácuo, de uma electrização onde tudo se mistura e acaba por ser um sintoma sociológico de uma agudeza inesperada.
Crónica sentimental de Lisboa, à procura de um sinal de orientação no labirinto, O Lugar do Morto está longe de ser só a história de uma sedução mortífera: é a história de um percurso vazio, inquietantemente vazio e, desse modo, um filme com uma moral da história. Não a constatação moralizante (...) mas o alarme que toca, talvez uns segundos antes da paragem cardíaca: quem somos, que perdemos não apenas o norte mas a própria noção do que isso é?
Algo me diz que estou a entrar por caminhos que ainda vão dar à catequese. Talvez.. Mas por onde atravessar um filme onde o brilhantismo dos diálogos (bravo!) tem o toque da pose, onde as seduções têm a volátil textura das quimeras; onde os miúdos são tão frágeis, tão carentes, tão cansados, onde não há um único valor moral de que os personagens se apropriem, onde o tempo é tão curto e tão frivolamente consumido, ainda por cima com que voracidade?! Claro que O Lugar do Morto é um filme moralista e sem ironia.
Creio que é tempo de inverter esta escrita. Gostava de falar dos actores. Não porque sejam escorreitos (uso muito esta palavra, o sentido é positivo mas morno) pela simples razão que são bons. Pedro Oliveira estreia-se em grande estilo, a sua agilidade é assinalável em vários registos, o tempo do seu dizer é exacto; Ana Zanatti antinge a sedução com a subtileza e a envolvência da “Magie Noire" que a identifica (a sequência do comboio, toda feita de esquivas, a sequência no automóvel no Porto, sob o tom negro de quem conduz o jogo, são excelentes); Teresa Madruga consegue situar-se na ternura cálida e no dolorido desamparo (a este respeito o seu último diálogo com Pedro Oliveira é notável); Isabel Mota é de uma desenvoltura contida, limados os seus excessos e trejeitos com rigoroso acerto; e não vale a pena citar os restantes, basta dizer que o conjunto é o mais homogéneo dos últimos (muitos) anos de cinema português. (...) - Jorge Leitão Ramos, Diário de Lisboa. 27/10/1984

 

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