12 AGO - Lady Bird
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Categoria hospedeira: Mostra ao ar livre
LADY BIRD, Greta Grewig, US, 2017, 94', M/14
trailer, sinopse e ficha técnica: aqui
Um divertido filme sobre o crescimento, passado numa pequena cidade californiana, que, apesar das cinco nomeações, passou ao lado dos Oscars.
Em 2008, Juno, de Jason Reitman, foi nomeado para quatro Oscars, ganhando o de melhor argumento original. Um filme que falava sobre o amor e a gravidez na adolescência, de forma leve e encantadora, que gerou uma corrente de fãs e lançou a carreira de alguns dos seus protagonistas (sobretudo a atriz Ellen Page e a banda The Moldy Peaches). Este Lady Bird, que aparece uma década depois, talvez se propusesse a repetir o fenómeno. Apesar de não abordar precisamente o mesmo tema, são muitas as semelhanças, em termos estilísticos, na tentativa de retratar a adolescência (neste caso um pouco mais tardia). Teve cinco nomeações e não arrecadou qualquer Oscar, mas não deixa de ser um filme easy going, que se vê com inegável prazer e que acaba por ter escondido, sob uma estrutura simples, camadas de interesse e de interpretação - com algumas pontes para outros filmes norte-americanos que retratam a adolescência e a família.
Tal como em Little Miss Sunshine, aqui Christine, aka Lady Bird (interpretada por Saoirse Ronan), vive numa família relativamente disfuncional a passar um período de crise económica. Partilha uma casa com os pais, o irmão (adotivo) e a namorada dele, numa cidade chamada Sacramento, na Califórnia, descrita como absolutamente claustrofóbica. Lady Bird estuda num colégio de freiras, o que significa um grande esforço financeiro para os pais, e ela sente algum pudor pelo meio de onde vem, comparando-o com o dos colegas de famílias endinheiradas. Logo por aqui há um retrato cético do sonho norte-americano e da igualdade de oportunidades. O verdadeiro sonho de Lady Bird é ir estudar para a Costa Este, libertando-se da cidade e daquele mundo que a aprisionam.
Lady Bird é um filme sobre o crescimento, sobre a passagem para a idade adulta. Ela chama--se “joaninha” [ladybug], mas talvez ainda melhor lhe ficasse o nome de crisálida. Encontramo-la num estado demasiado imaturo para a idade, de conflito com os pais e com o meio, sem que nunca lhe escapem o humor e o sentido crítico. Acompanhamo-la na descoberta da sexualidade, nos primeiros namorados, nas tropelias, nos sonhos, nas relações de amizade, nos conflitos – até que Lady Bird aprende a voar.
Manuel Halpern, Visão