BAAN
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Categoria hospedeira: Programação
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in Ciclo do mês
21 NOV | IPDJ | 21h30
BAAN
Leonor Teles, PT, 100’, M/14
sinopse, ficha técnica e trailer: aqui
notas críticas
“Baan” é um filme romântico e um retrato geracional de duas raparigas de vinte e poucos anos que começam a gravitar uma na outra entre Lisboa e Banguecoque. Um triunfo para Leonor Teles, que aqui se lança na sua primeira longa-metragem de ficção.
Há filmes que são feitos para lembrar, outros preferem esquecer. Alguma coisa. Ou alguém. Com o esquecimento, talvez apareça uma nova disponibilidade. Leonor Teles não o disse diretamente mas sugeriu que foi este o caso que a levou a realizar “Baan”, um filme que se sente estar perto do osso a nível pessoal e emocional e que começou a ser escrito em 2017 pela cineasta, em conjunto com Ágata de Pinho e Francisco Mira Godinho. “Como é que depois da desilusão de uma relação falhada voltas a confiar em alguém?”, lançou Leonor numa conversa ao telefone antes do festival começar. Digamos que, sem que o filme o diga, “Baan” arranca com esta pergunta.
“Baan” significa “Casa” em tailandês. “Home” é o seu título internacional. Não é uma casa qualquer, o que está em causa é uma ideia de lar que setornou dispersa e fluída para duas raparigas na casa dos vinte anos que vão cruzar-se por acaso em Lisboa, como dois pólos que se atraem sem que elas próprias saibam porquê. Essa casa, ou esse lar, em que no filme “se busca a procura de um sentimento em que qualquer coisa não está certa e que é preciso acertar” - dise Leonor esta manhã em conferência de imprensa – é “um processo de crescimento.” - Francisco Ferreira, Expresso
A confirmação de um projeto de cineasta: Leonor Teles. Hoje no importante Festival de Locarno passa em competição a sua primeira longa-metragem de ficção, Baan - Casa,um périplo romântico entre Portugal e a Tailândia. Filme que também é a descobertade uma atriz em estado natural, Carolina Miragaia, rosto de uma transbordante verdade e uma espécie de reflexo da própria cineasta. Na essência, é isso mesmo: uma personagem-cineasta num jogo de reflexos. Reflexos com marcas pessoais, reflexos com influências de cinema. Baan está do lado da vénia a uma memória de olhares cinematográficos asiáticos. O altar a Wong Kar-wai é o "mood" do empreendimento, mas há toda uma estética decorrente de uma maneira de fazer asiática. - Rui Pedro Tendinha, DN
Portanto, falar de Leonor Teles é falar do futuro, mesmo que em “Baan” encara-se uma experiência de impasse. Onde o filme quer-nos levar? Ou, o que poderemos extrair do filme? Nesse sentido, há que realçar a sensibilidade temporal e espacial de Teles em construir por via de uma diluição local um não-lugar. Entre Bangkok e Almirante Reis existe uma New Lisbon ou será um Bangkok europeu? É através do tal não-lugar que se reencontra a não-presença, a heroína silenciosa que está lá e não está, um brilhantismo espectral onde cada tempo é uma imprecisão. - Hugo Lopes, cinematograficamentefalando
É o retrato de uma geração sem abrigo, em que as condicionantes externas atrasam a resolução de sentimentos básicos. O filme tem esse lado político. - Manuel Halpern, Jornal de Letras
Essa "ideia diferente" [de BAAN] passa muito pela intrusão do artifício, por uma dimensão espectacular do cinema (visual e sonoramente: também a música, e a maneira de fazer entrar a música, desempenha um papel importante), e o ponto alto disso é o desenho de uma cidade mesclada, o facto de as personagens poderem virar uma esquina e o que era Lisboa passa a ser Banguecoque, mas o espectador nem se aperceber logo disso, a tal ponto esta miscigenação ressoa tão justamente. - Luís Miguel Oliveira, Público
BAAN, primeira longa de ficção da cineasta portuguesa, é um portentoso filme sobre o que acontece quando nos apaixonamos e quando ficamos sem chão - Gonçalo Correia, Sábado
BAAN é o cinema do presente/futuro baseado em Portugal com os olhos postos no mundo, numa brilhante mistura entre a macro estrutura e as preocupações com as dinâmicas dos e/i/migrantes no próprio território português. Não é o único cinema do futuro (...) mas está muito perto de ser dos mais completos e coesos. - Cátia Santos, cinema7arte
Obra profundamente sensorial, propulsionada pela energia da sua actriz e com a câmara como 'testemunha' permanente das emoções que L vai sentindo. - Público
Leonor Teles oferece-nos um retrato geracional. É o retrato de uma juventude inquieta a entrar na vida adulta com todas as dificuldades que esta acarreta, e num tempo em que, com a crise que vivemos na habitação, tudo se tornou especialmente imprevisível. - Cineblog
“BAAN surge de um impulso em perceber como a partilha com uma pessoa nos pode cicatrizar brutalmente aos 20 anos. E surge também do ponto-zero: como recomeçamos a partir daí, como nos comportamos quando conhecemos alguém novo, como sabemos se devemos confiar outra vez? BAAN pretende explorar precisamente isso: sentimentos com os quais não conseguimos lidar; períodos da nossa vida que nos marcam e afectam para o que resta dela (ou, ingenuamente, assim o julgamos), e o que acontece depois disso, porque no final do dia todos nós já sobrevivemos ao fim.” - Leonor Teles