Mariupolis 2
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Categoria hospedeira: Programação
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in Ciclo do mês
DIA 22 FEV | IPDJ | 21H30
MARIUPOLIS 2
Mantas Kvedaravičius, LT/FR/DE, 2022, 113', M/12
sinopse, ficha técnica e trailer: aqui
notas críticas
Há cerca de dez anos, Kvedaravicius instalou-se em Mariupol para documentar, num filme homónimo, a vida quotidiana dos seus habitantes, então a contas com os primeiros ataques militares das forças separatistas russas. Já em 2022, regressou à cidade no intuito de registar o início da guerra que continua a opor a Rússia à Ucrânia, tendo acabado por ser morto pelas tropas russas, em circunstâncias que não foram ainda totalmente esclarecidas.
O documentário que resultou desta incursão comporta em si as marcas da tragédia que afetaram a sua rodagem: trata-se de uma peça inacabada, de uma ‘obra em bruto’ constituída pela série de rushes que Kvedaravicius filmou in loco até ao momento da sua morte (e que foram depois coligidas pela sua viúva e por uma colaboradora próxima).
Vasco Baptista Marques, Expresso
Em Mariupolis 2, não somos expostos ao choque da guerra, da forma como, durante semanas, o fizeram as televisões. O filme mostra-nos, antes, a normalização do inconcebível na luta pela sobrevivência, através de personagens, velhos homens e mulheres, que se adaptam às bárbaras circunstâncias. Um filme que transborda humanidade e que pode ser lido também enquanto tratado antropológico ...
[...] Chocante sem procurar o choque, Mariupolis 2 é um filme sobre a vida como ela não devia ser. Manuel Halpern, Visão
O falecido realizador Mantas Kvedaravicius e a sua companheira registaram o sofrimento dos civis ucranianos. Um filme que vale por 100 reportagens e directos.
“Está tudo em ruínas.” São as primeiras palavras ditas no documentário Mariupolis 2, do lituano Mantas Kvedaravicius, rodado na cidade ucraniana de Mariupol em Março de 2022, pouco depois do início da invasão russa da Ucrânia. Kvedaravicius já lá tinha estado em 2015 e rodado um primeiro documentário, Mariupolis (2016), sobre os combates entre as forças pró-russas e ucranianas nesta cidade de Donetsk. E regressou para voltar a estar com as pessoas que conheceu e filmou nessa altura, e fazer uma continuação. Só que foi capturado e morto por militares russos durante o cerco da urbe, no início de Abril.
Ao invés de desistirem do projecto, a companheira de Kverdaravicius, Hanna Bilbrova, a equipa de técnicos e os produtores do filme decidiram montar o material de que dispunham. E assim surgiu Mariupolis 2, que documenta a vida quotidiana de um pequeno grupo de habitantes de um bairro da cidade, muitos dos quais se foram abrigar numa igreja onde comem, dormem, conversam, rezam e esperam que o conflito acabe. Ou, pelo menos, acalme. Na altura em que Mantas Kvedaravicius e a sua equipa começaram a filmar, os combates tinham-se afastado daquela zona, mas os tiros e as explosões nunca deixam de se ver e ouvir, embora à distância.
Eurico de Barros, Timeout