Maré + La Pointe Courte

Festa do Cinema ao Ar Livre 2020

 2ª F - DIA 17 AGO | 21h45
Claustros Museu Municipal
lotação: 60 lugares

MARÉ, Joana Rosa Bragança, PT, 2019, 14’  (com a presença da realizadora)
LA POINTE COURTE, Agnès Varda, FR, 1954, 78', M/12

sinopses, ficha técnicas, trailer: aqui

crítica
A primeira vez que Agnès Varda decidiu mexer uma câmara na vida foi para fazer uma panorâmica de um tronco de madeira – onde corriam os créditos do seu primeiro filme e onde surgia o nome de Alain Resnais como montador – para um estendal de roupas ao vento numa rua estreita. O plano continua com um travelling entrando placidamente por Pointe Courte adentro, os estendais sucedem-se depois lá mais para a frente, até para brincar com o falso fora de campo das mulheres dos pescadores diante da objectiva ou para marcar a divisão entre o seu espaço feminino e o masculino. Mas o que aqui marca é que o início do cinema para Varda é feito com essa passagem: da madeira – rígida, imóvel – ao tecido – desordenado, fino –; da imobilidade ao movimento da câmara (e ao vento, direi, da experimentação). A importância da madeira na obra de Varda não fui eu que a sonhei. Sonhou-a Truffaut em 56 pouco tempo depois do filme, detendo-se na associação daquela ao elemento masculino, ou mais simplesmente a “ele” e da ligação do metal a “ela”.
Carlos Natálio, À Pala de Walsh
continuar a ler